quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Somos iguais e diferentes:
um relato de altas habilidades e superdotação em artes-música

AE Elaine Maria da Silva
Linguagem: Música


Ao falar sobre minha pesquisa a uma mãe chamada Ana[1], ela disse que seu filho com 2 anos de idade já associava as letras da placa do carro com palavras, ou seja, se ele visse placas com letras, ele rapidamente descodificava em palavras iniciais como: FBC, ele sabia que era faca;bola e cachorro entre outras. Ana estava muito preocupada com a inteligência do seu filho, ela relatou que as professoras já estavam diferenciando o seu filho dos demais, apresentando ele aos desconhecidos e amigos como o menino inteligente da escola com apenas 2 anos de idade.
Nos encontros do programa de iniciação artística observei algumas crianças que possui índices de altas habilidades e superdotação. Na turma de 8 a 10 anos umas das crianças possuía uma domínio sobre a língua portuguesa impressionante. Nas atividades sobre teatro ela conseguia mapear e qualificar personagens apenas por um tema, dando frases e jeitos para cada personagem.
Já na turma de 5 a 7 anos encontrei um processo de criação que chamou atenção, a criança aqui não fazia apenas porque estávamos criando e improvisando, ela gostaria saber todo fundamento e o “porque” do processo.
Segundo VIRGOLIN (2007); FLEITH (2007) a superdotação se caracteriza pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades, evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas de atividade do aluno e em seu desenvolvimento. Contudo, é preciso que haja constância de tais aptidões ao longo do tempo, além de expressivo nível de desempenho na área de superdotação. Registram-se, em muitos casos, a precocidade do aparecimento das habilidades e a resistência dos indivíduos aos obstáculos e frustrações existentes no seu desenvolvimento.
Jovens e crianças ainda estão em processo de desenvolvimento de aprendizagem e muitas vezes, não efetivam todo seu potencial por conta da sua precocidade. Neste período o indivíduo mostra ou evidencia as suas altas habilidades de acordo com o seu interesse. O artista educador deve ficar atento, coincidências neste momento podem acontecer, mas o orientador deve assistir seu aluno em se processo de aprendizagem ou criação, seja ele regular ou irregular, para que a sua expressão continuem, e que você possa perceber e acompanhar o desenvolvimento.
Não sabemos se o filho de Ana possui altas habilidades, mas indagamos que seu procedimento seja diferenciado em relação às crianças da sua faixa etária. Ana deve observar seriamente seu filho e procurar um especialista para auxiliar no seu desenvolvimento para que ele não se frustre ao passar dos anos. Todas as pessoas do convívio precisa enxergar esse processo como desenvolvimento e não como gênio.

Conceito dos termos alunos com altas habilidades / superdotados

Segundo FLEITH (2007) a Política Nacional de Educação Especial (1994) define como portadores de altas habilidades e superdotados os estudante que apresentarem notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora.

A Política Nacional de Educação Especial (1994) destaca os tipos de potencialidades seguintes:

Tipo Intelectual – apresentam flexibilidade e fluência de pensamento, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento, compreensão e memória elevada, capacidade de resolver e lidar com problemas.
Tipo Acadêmico – evidencia aptidão acadêmica especifica atenção, concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica.
Tipo Criativo – relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente e, até de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem de fatos; facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade.
Tipo Social – revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alta poder de persuasão e de influência no grupo.
Tipo Talento Especial – pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou cênicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho.
Tipo Psicomotor – destacam-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.
As potencialidades apresentadas são consideradas internacionalmente, podendo haver variações entre elas e, até, o aparecimento de outros tipos de potencialidades, conectadas a outros talentos e habilidades.
No desempenho musical, destacam-se os seguintes aspectos: raciocínio musical, escuta ativa, nível de leitura métrica acima da média do grupo, alta habilidades de execução com o instrumento musical ou canto, criação e improvisação.
A capacidade de conceituação inclui apreensão rápida da relação musical com o individuo. As crianças que são extremamente musicais pensam através do ritmo e melodia, ou seja, elas adoram cantar, assobiar, batucar e se expressar musicalmente com o corpo. Elas precisam de referências diretas, ou seja, ir até uma apresentação musical de um grupo infantil, conhecer uma orquestra, banda ou grupos diversos para reproduzir a sua própria ação musical, assim, sendo encorajadas a tocar em casa, na escola e lugar e em outros lugares afetivos a ela.
A partir do domínio dos fatos, os instrutores musicais devem colocar o seu aluno em processo criativo para perceber a sua potencialidade musical, desafios e propostas musicais racionais e irracionais podem trazer benefícios para essa primeira checagem do grupo que se trabalha.  O aluno com altas habilidades pode ter mais de uma potencialidade, o orientador não pode descartar, ele deve ficar atento para unir todo o processo cognitivo possível.
E este desempenho musical abrange o alto nível de produção intelectual, a motivação para aprendizagem, devem ser metas para a classificação. A atenção prolongada e centrada nas crianças deve ser intensificada nos temas de seu interesse.
Contudo, não se pressupõe que todos os alunos superdotados ou com altas habilidades possam apresentar essas características. E quando as apresentam, não são necessariamente, em simultaneidade e no mesmo nível. O importante é não generalizar. Alunos podem ter desempenho expressivo em algumas áreas da música, mostrando facilidade, seja ela, média, baixa entre outras, dependendo do tipo de alta habilidade e superdotação.
Queremos esclarecer, que embora os alunos apresentem altas habilidades e superdotação, eles podem ter também, rendimento escolar inferior, assim, merecendo cuidados e atenções especiais, pois, repetidamente eles apresentam falta de interesse e motivação para os estudos escolares ou trabalho em grupos, e também, apresentar alguns problemas sociais, e que podem desencadear retardos na aprendizagem e de falta interesse pelos estudos formal ou informal.
Propomos que o artista educador tenha dialogo com a família da criança ou adolescente, para entender melhor o seu processo de aprendizagem antes de “achar” que o mesmo tenha alguma dificuldade. Esta pesquisa não possui interesse de qualificar os alunos que possui altas habilidades e superdotação. Mas apresentar e colaborar com o processo de aprendizagem do individuo/aluno e o seu professor ou orientador

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUPERTINO, Christina Menna Barreto (org). São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos/Secretaria da Educação, CENP/CAPE. São Paulo: FDE, 2008.

FLEITH, D. S. A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação. vol 1 - Orientação a professores. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2007.

VIRGOLIM, Angela M. R. Altas habilidade/superdotação: encorajando potenciais / Angela M. R. Virgolim, Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007.




[1] Nome fictício.

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