Somos
iguais e diferentes:
um
relato de altas habilidades e superdotação em artes-música
AE Elaine Maria da Silva
Linguagem: Música
Ao falar sobre minha pesquisa a uma mãe chamada Ana[1],
ela disse que seu filho com 2 anos de idade já associava as letras da placa do
carro com palavras, ou seja, se ele visse placas com letras, ele rapidamente
descodificava em palavras iniciais como: FBC, ele sabia que era faca;bola e
cachorro entre outras. Ana estava muito preocupada com a inteligência do seu
filho, ela relatou que as professoras já estavam diferenciando o seu filho dos
demais, apresentando ele aos desconhecidos e amigos como o menino inteligente
da escola com apenas 2 anos de idade.
Nos encontros do programa de iniciação artística
observei algumas crianças que possui índices de altas habilidades e
superdotação. Na turma de 8 a 10 anos umas das crianças possuía uma domínio
sobre a língua portuguesa impressionante. Nas atividades sobre teatro ela
conseguia mapear e qualificar personagens apenas por um tema, dando frases e
jeitos para cada personagem.
Já na turma de 5 a 7 anos encontrei um processo de
criação que chamou atenção, a criança aqui não fazia apenas porque estávamos
criando e improvisando, ela gostaria saber todo fundamento e o “porque” do
processo.
Segundo VIRGOLIN (2007); FLEITH (2007) a
superdotação se caracteriza pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e
habilidades, evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas de atividade do
aluno e em seu desenvolvimento. Contudo, é preciso que haja constância de tais
aptidões ao longo do tempo, além de expressivo nível de desempenho na área de
superdotação. Registram-se, em muitos casos, a precocidade do aparecimento das habilidades
e a resistência dos indivíduos aos obstáculos e frustrações existentes no seu
desenvolvimento.
Jovens e crianças ainda estão em processo de
desenvolvimento de aprendizagem e muitas vezes, não efetivam todo seu potencial
por conta da sua precocidade. Neste período o indivíduo mostra ou evidencia as
suas altas habilidades de acordo com o seu interesse. O artista educador deve
ficar atento, coincidências neste momento podem acontecer, mas o orientador deve
assistir seu aluno em se processo de aprendizagem ou criação, seja ele regular
ou irregular, para que a sua expressão continuem, e que você possa perceber e
acompanhar o desenvolvimento.
Não sabemos se o filho de Ana possui altas
habilidades, mas indagamos que seu procedimento seja diferenciado em relação às
crianças da sua faixa etária. Ana deve observar seriamente seu filho e procurar
um especialista para auxiliar no seu desenvolvimento para que ele não se
frustre ao passar dos anos. Todas as pessoas do convívio precisa enxergar esse
processo como desenvolvimento e não como gênio.
Conceito
dos termos alunos com altas habilidades / superdotados
Segundo FLEITH (2007) a Política Nacional de
Educação Especial (1994) define como portadores de altas habilidades e
superdotados os estudante que apresentarem notável desempenho e elevada potencialidade
em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade
intelectual geral; aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou
produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade
psicomotora.
A
Política Nacional de Educação Especial (1994) destaca os tipos de
potencialidades seguintes:
Tipo
Intelectual – apresentam flexibilidade e fluência de
pensamento, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção
ideativa, rapidez do pensamento, compreensão e memória elevada, capacidade de
resolver e lidar com problemas.
Tipo
Acadêmico – evidencia aptidão acadêmica especifica atenção,
concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas
disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e
organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica.
Tipo
Criativo – relaciona-se às seguintes características:
originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma
diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, podendo
reagir e produzir diferentemente e, até de modo extravagante; sentimento de
desafio diante da desordem de fatos; facilidade de auto-expressão, fluência e
flexibilidade.
Tipo
Social – revela capacidade de liderança e caracteriza-se
por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade
expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer
relações sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade para
resolver situações sociais complexas, alta poder de persuasão e de influência
no grupo.
Tipo
Talento Especial – pode-se destacar tanto na área das
artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou cênicas, evidenciando
habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho.
Tipo
Psicomotor – destacam-se por apresentar habilidade
e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do
comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e
coordenação motora.
As potencialidades apresentadas são consideradas
internacionalmente, podendo haver variações entre elas e, até, o aparecimento
de outros tipos de potencialidades, conectadas a outros talentos e habilidades.
No desempenho musical, destacam-se os seguintes
aspectos: raciocínio musical, escuta ativa, nível de leitura métrica acima da
média do grupo, alta habilidades de execução com o instrumento musical ou
canto, criação e improvisação.
A capacidade de conceituação inclui apreensão rápida
da relação musical com o individuo. As crianças que são extremamente musicais
pensam através do ritmo e melodia, ou seja, elas adoram cantar, assobiar,
batucar e se expressar musicalmente com o corpo. Elas precisam de referências
diretas, ou seja, ir até uma apresentação musical de um grupo infantil,
conhecer uma orquestra, banda ou grupos diversos para reproduzir a sua própria
ação musical, assim, sendo encorajadas a tocar em casa, na escola e lugar e em
outros lugares afetivos a ela.
A partir do domínio dos fatos, os instrutores
musicais devem colocar o seu aluno em processo criativo para perceber a sua
potencialidade musical, desafios e propostas musicais racionais e irracionais
podem trazer benefícios para essa primeira checagem do grupo que se
trabalha. O aluno com altas habilidades
pode ter mais de uma potencialidade, o orientador não pode descartar, ele deve ficar atento para unir todo o processo
cognitivo possível.
E este desempenho musical abrange o alto nível de
produção intelectual, a motivação para aprendizagem, devem ser metas para a
classificação. A atenção prolongada e centrada nas crianças deve ser
intensificada nos temas de seu interesse.
Contudo, não se pressupõe que todos os alunos
superdotados ou com altas habilidades possam apresentar essas características.
E quando as apresentam, não são necessariamente, em simultaneidade e no mesmo
nível. O importante é não generalizar. Alunos podem ter desempenho expressivo
em algumas áreas da música, mostrando facilidade, seja ela, média, baixa entre
outras, dependendo do tipo de alta habilidade e superdotação.
Queremos esclarecer, que embora os alunos apresentem
altas habilidades e superdotação, eles podem ter também, rendimento escolar
inferior, assim, merecendo cuidados e atenções especiais, pois, repetidamente
eles apresentam falta de interesse e motivação para os estudos escolares ou
trabalho em grupos, e também, apresentar alguns problemas sociais, e que podem desencadear
retardos na aprendizagem e de falta interesse pelos estudos formal ou informal.
Propomos que o artista educador tenha dialogo com a
família da criança ou adolescente, para entender melhor o seu processo de
aprendizagem antes de “achar” que o mesmo tenha alguma dificuldade. Esta
pesquisa não possui interesse de qualificar os alunos que possui altas
habilidades e superdotação. Mas apresentar e colaborar com o processo de
aprendizagem do individuo/aluno e o seu professor ou orientador
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUPERTINO, Christina
Menna Barreto (org). São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Um olhar para as altas habilidades:
construindo caminhos/Secretaria da Educação, CENP/CAPE. São Paulo: FDE, 2008.
FLEITH, D. S. A construção de práticas educacionais para
alunos com altas habilidades/superdotação. vol 1 - Orientação a
professores. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2007.
VIRGOLIM, Angela M. R. Altas habilidade/superdotação:
encorajando potenciais / Angela M. R. Virgolim, Brasília, DF: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007.
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