(olho
para esta página e ela é símbolo da tarefa com a qual venho lutando há meses.
frases escritas e apagadas, temas abandonados e a sensação insistente de que
não há nada a ser dito desta forma... há algo sem forma e que talvez não deseje
ainda uma forma de se mostrar.)
Esse algo diz
de pequenos momentos,
momentos pequenos,
momentos de um pequeno...
De quando o Pedro
senta na roda e pela primeira vez silencia para ouvir e por um instante mesmo
que muito rápido olha nos olhos dos colegas, de quando a Lana sorri de olhos
baixos gostando do boneco que fez, de quando vejo a expressão da Júlia se
transformar porque ela fala de um monstro e eu me assusto e ela se empolga
porque estamos fazendo de conta juntas, de quando a Kauany se desconcerta
porque eu digo que sei que ela está mentindo e me devolve um olhar de desprezo,
de quando a Ana quer amarrar os cadarços fazendo do jeito que ela não sabe, de
quando o Pedro diz esquece isso e eu não consigo deixar pra lá o que
aconteceu...
Tudo o que só é possível porque
pequeno, singularidades que se encontram e olham nos olhos
Qualquer palavra, dita assim... Essas
palavras inclusive. Correm o risco de transforma-lo em algo grande, algo
excepcional, algo que será dito para muitos, que interessa a todos.
Quando a beleza desse algo é ser pequeno, ser vivido,
é dizer somente de quem viveu e a quem viveu.
Esse algo sabe, de farejar com a ponta
dos dedos, que dizer-se é algo externo a ele e que o importante se dá naquilo
que é feito
de dentro
do íntimo das coisas.
Karina Nakahara - CEU Quinta do Sol
Ps.: diante desse algo que se recusa a se organizar, a tomar uma forma,
algo que desconfia que será traído por toda forma que se oferece a ele, ao menos,
estas formas estabelecidas (esse algo pede que se crie uma forma nova para ele)
diante desse algo, lembro de perguntas...
que ouvi e já não lembro exatamente de quem, exatamente quando...
perguntas que apareceram com a perplexidade do pequeno que olha para os
grandes
– por que revista? por que
ensaio? aquele fórum não parecia nosso... e não era mesmo... qual o papel do
estado nisso que quer contrariar toda a sua lógica? -
perguntas essenciais, porque chamam para a essência...
O que queremos mesmo fazer? Quem queremos?
lembro de alguém dizer que o nosso maior poder talvez seja a recusa. a
recusa de tudo aquilo que não faz parte do que é importante em nosso fazer e
esse alguém defendia que o importante era o encontro (que é feito de dentro e de perto e olhando nos olhos).
lembro de alguém, numa das primeiras reuniões do ano,
lembro de alguém
convocar o
]_silêncio_[
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