terça-feira, 18 de novembro de 2014

PIA em um minuto


"Na convivência, o tempo não importa.
Se for um minuto, uma hora, uma vida.
O que importa é o que ficou deste minuto,
desta hora, desta vida...
Lembra que o que importa
... é tudo que semeares colherás. Por isso, marca a tua passagem,
deixa algo de ti,...
do teu minuto, da tua hora,
do teu dia,
da tua vida."
Mario Quintana

Se fosse possível não usaria palavras pra realizar esse ensaio....apenas convidaria a você leitor, para estar ao meu lado e observar junto comigo o que é esse tal de PIÁ...
como ele acontece...como ele se transforma...como ele me transforma...
Se tivesse pensado antes, não escreveria nada sozinho...cada linha do meu texto seria uma citação dada por meus colegas artistas, pela espontaneidade das crianças, pelo depoimento dos colaboradores dentro do meu equipamento, indo desde a bibliotecária até o segurança que indiretamente vivenciam esse tal de PIÁ por meio de olhares curiosos e pequenas intervenções.

Penso que o PIÁ seja um programa da impossibilidade em busca do que é possível.
Ele trás a tona quatro pessoas/artistas, totalmente diferentes, que em sua maioria não costumam trabalhar juntos ou possuem o hábito de desenvolver diálogos fora de suas linguagens, para a realização de um trabalho artístico misto, onde o real provocador é a criança, que no seu constante movimento não se contenta em simplesmente cantar, dançar, pintar, encenar...ela quer tudo sem medo de dar certo ou errado, sem vergonha de sei ou não sei fazer isso ou aquilo. Nesse tal de PIÁ a criança é muito mais do que público alvo, ela é a constante provocadora de novos diálogos.

E focando nesses pequenos provocadores, imaginei em como desenvolver esse ensaio a partir de um simples pensamento que pudesse retrata-las dentro do universo PIÁzistico contidos em nossas aulas. E desde lugar surge o “PIÁ em um minuto”...

PIÁ em um minuto? ? ?

Sim....PIÀ em um minuto...nada mais que um minuto...

Imaginei que se perguntasse pra cada criança o que é o PIÁ, não seria necessário mais de um minuto pra que por meio de ações simples, rápidas e nem sempre compreensíveis ao nosso olhar erudito, surgissem definições únicas.
Definições essas, puras, vindas da vivência, da proximidade, da exploração, do pertencimento. Forma esse de pertencimento que pode vir com um gesto ou uma onomatopeia, pode ficar no ar ou simplesmente engasgada na garganta sem obrigação de sair.

Imagino que você deve estar a se perguntar:
- e quais foram as respostas que surgiram diante desta questão?
Eu lhe respondo:
- as mais diferentes possíveis....

Contudo minha investigação foi além, não parando somente nas crianças.
Esse tal de PIÀ parece tão inofensivo, mas de mansinho vai se apoderando dos entornos...das famílias, dos funcionários, dos olhares, das ideias...em um minuto uma aula do PIÁ pode ser de tudo um pouco.
Pode ser uma louca aventura na casinha de terror...
Pode ser um jogo rítmico com o objetivo de derrubar o grande mestre Muni-Muni...
Pode ser uma contação de histórias com piratas, meninas mortas e até um bebê dragão anão...
Pode ser um giz colorido derretendo ao calor de uma vela, dando novas cores e dimensões a papeis vazios...
Pode ser uma árvore magicamente colorida, cheia de segredos e zipers...
Pode ser uma louca noite de jogos, desenhos, sustos, lanternas, pijamas, comida....alegria.
Pode ser um minuto de pausa, onde tudo o que já passou dá espaço pro novo que vem chegando no próximo minuto...
Pode ser o simples ato do correr...correr...correr...correr....sem preocupação de ter de em algum momento chagar em algum lugar...

Para o segurança da biblioteca Hans Christian Andersen, Newgel, o tal PIÁ vive escondido na casinha abandonada do caseiro. Local onde ele se refugia, se esconde e expande-se frutificando em todas as partes da biblioteca.
Para as irmãs gêmeas Paula e Bruna da turma de 11 a 14 é o momento de rever os amigos, se apoderar dos espaços em volta da biblioteca, dar vazão a um imaginário assustador e depois desfrutar da comilança de um lanche junto com a turma.
Para a turma de 05 a 07 é uma diversão a base de tinta, tesoura, cola, rasga, corta, pinta...cria, cria, cria....
Para a turma de 08 a 10 é praticamente uma história sem fim, onde tudo conta, tudo monta e desmonta, tudo tem fantasia ou é pura fantasia...
Para os pais é um recorte diferente da infância que eles viveram
Para a bibliotecária Ivânia, ele é um mar de risos e sorrisos, palhaços, circos e círculos. É um ciclo que não para, faça chuva ou faça sol. É a leveza do voou e a doçura do sorvete.
Pra AE Marcela de dança é uma louca corrida por entre braços dispostos no ar, é o local onde se empurram as nuvens, onde se colhem as estrelas, onde é possível voar e tropeçar...um eterno sonho onde o chão é o limite pra queda que tarda a acontecer.
Pra AE Samara de visuais é um punhado com várias areias que se reúnem, se unem afagadas por mãos...mãos que separam, acolhem, recolhem, juntam mais e mais areias. Mãos que surpreendem e molham as areias com águas que caem de folhas vazadas pela própria natureza. Folhas com espírito de piázises que enlouquecidas se espalham pelo chão.
Pra mim...
minutos que passam com o vento...
mudam reverberam e voltam a ser minutos
de arte, de risos, de vida, de criação...de ação...

um minuto dentro desse tal de PIÁ é algo que não pode ser descrito,
precisa ser vivido...aprendido...e, por que não estudado...
Esse tal de PIÁ só não pode ser engavetada dentro de cartas de princípios,entre números de dados públicos, dentro das metas dos governantes, dentro dos frívolos relatórios ou folhas de pontos.
Quanto mais esse tal de PIÁ cresce, mais esse um minuto parece se diluir transformando-se em horas, dias, anos...transformando-se em um tempo fora do nossos tempo.

Henrique Ramos Ávilla – AE Música – Biblioteca Hans Christian Andersen


Basta um Minuto
Um minuto serve para você sorrir:
Sorrir para o outro, para você e para a vida.
Um minuto serve para você ver o caminho,
olhar a flor, sentir o cheiro da flor,
sentir a grama molhada,
notar a transparência da água.

Basta um minuto para você avaliar a imensidão
do infinito, mesmo sem poder entendê lo.
Em um minuto apenas você ouve o som
dos pássaros que não voltam mais.

Um minuto serve para você ouvir o silêncio,
ou começar uma canção.
É num minuto que você dará o sim
que modificará sua vida... e basta.

Basta um minuto para você apertar a mão
de alguém e conquistar um novo amigo.
Em um minuto você pode sentir
a responsabilidade pesar em seus ombros:
a tristeza da derrota,
a amargura da incerteza,
o gelo da solidão,
a ansiedade da espera,
a marca da decepção
e a alegria da vitória...

Quanta vitória se decide num simples momento,
num simples minuto!
Num minuto você pode amar,
buscar, compartilhar, perdoar,
esperar, crer, vencer e ser...
Num simples minuto você pode salvar a sua vida...
Num pequeno minuto você pode incentivar
alguém ou desanimá lo!

Basta um minuto para você recomeçar
a reconstrução de um lar ou de uma vida.
Basta um minuto de atenção para
você fazer feliz um filho,
um aluno, um professor, um semelhante...

Basta um minuto para você entender
que a eternidade é feita de minutos.

(autor desconhecido)

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