domingo, 30 de novembro de 2014

Sobre Arte,  Reuniões e Ação Cultural


Renata Casemiro 



O PIÁ (Programa de Iniciação Artística) é um programa artístico pedagógico único, com características peculiares, em constante mutação, aprofundamento, pesquisas e multiplicidade.  Não tratarei de contextualizar  ou discorrer sobre o programa. Você que me lê, se já não  o conhece,  pode ler em vários outros ensaios, nos textos da revista Piapuru, além de imagens e vídeos tanto no Facebook quanto em Youtube mais sobre o PIÁ.

Minha intenção é ser breve e  sugerir  com base na minha inquietação e experimentações artísticas e socioculturais no devido programa e em outros projetos artísticos pedagógicos a possibilidade de  escolhas para cada equipe o formato de reunião artístico pedagógica e sugerir a completa mudança de formato de reunião de coordenadores, que acontecia frequentemente de modo formal com os coordenadores sentados em cadeiras em volta de uma mesa.
 

Antes, porém, escrevo sobre minha poética artístico pedagógica: sou improvisadora, sendo assim observo, imagino, tento fluir, fazer fluir ou provocar. Acredito que as pessoas (bichos, plantas, etc.) tem um vasto conhecimento, sabedoria e o poder de conexão para  construir, criar, recriar. Acredito nisso, então  acho que minha função é favorecer o meio, o espaço para que isso se dê.

Como improvisadora, sou oportunista. Me aproprio do que me convém. Mudo sem apego ou posso seguir com um ideia ou intenção com maior ou menor intensidade, além de poder dilatar o tempo. Não preparo aulas de modo formal, porém me preparo no dia-a-dia, observando, lendo, imaginando e articulando para a experiência (com a seleção de materiais e experiências a serem propostas) e praticando. Nunca dei uma aula igual de arte, pois só consigo partir do encontro com o outro (pessoa/espaço) e daí seguir com minha percepção e intuição.

Penso que em aula/processos artísticos, você tem o inicio, mas não sabe o meio e muito menos o fim. Isso me diverte, me agrada muito: o inimaginável. Essa curiosidade. Então acho que a mesma aula é burra! Não dá pra ser a mesma, se você tem escuta, você já está diferente a sua turma é ou está diferente e o espaço-tempo já foi modificado.
Ainda, como ser humano devemos ter surpresas todos os dias, nos surpreender, pelo menos uma vez ao dia, isso é estar vivo. E o professor tem que ter no mínimo três surpresas, pois tem que ter esse espaço na sua aula, ser surpreendido pelo outro.

Como coordenadora nesse ano no Piá, eu tento aplicar o que me agradou e acho que funcionou nos anos em que fui coordenada em varias projetos e por em pratica o que acredito. Então eu realmente acredito que uma das funções do Artista Educador Coordenador seja "garantir o espaço investigativo sobre os processos criativos de sua equipe".

E como fazer isso? Liberdade para Ação Cultural, Proposições e Experimentações Artísticas. Essa liberdade confere os processos criativos sempre vivos.

Cada equipe atuante em um equipamento conta com três artistas educadores e um coordenador também artista educador.  Cada quatro equipes conta com um coordenador regional. E todos os coordenadores contam com dois coordenadores de Formação.

A principio temos semanalmente 3 horas para reuniões de equipe e 3 horas para reuniões de coordenação.

Sugiro que para potencialização do fazer artístico interlinguagens,  para afinar as parcerias, para alimentar a arte, a escuta, a sensibilidade, a parceria e nos enriquecermos enquanto pessoas e artistas, façamos Ação Cultural ao invés de reuniões formais.

Para reuniões de equipe sugiro que a dinâmica da Ação Cultural no espaço-tempo de Reunião seja  encabeçada cada vez por um artista, ficando ele responsável pela proposta e necessidades da mesma., bem como definir o público, pois  pode ao seu propósito, experimento  e objetivo abrir para outros públicos.  Dimensionando as horas,  sugiro 1 hora semanal para informes do DEC, do Programa e do Equipamento e para Ação Cultural 2 horas. Ainda, se for pertinente e de comum acordo com a equipe a Ação Cultural pode ir para além do horário de reuniões, pode ser acumulada em uma Ação Cultural de maior porte, exemplifico no caso as ações feitas pela equipe do PIÁ do CFCCT feitas em 2014: Brunilda, Feira Grátis de Gratidão, Sarau, Exposição de Experimentações Mirabolantes do PIÁ, Encontro com Pais e Piazitos e Oficinas de Stop Motion I e II. Além de participarmos da Semana da EMIA e Fórum Tempos e Espaços no CCSP.

Para reuniões de coordenadores sugiro o mesmo esquema de 1 hora para informes do DEC,  do Programa ou  cases. E 2 horas para Ação Cultural ou Práticas Artísticas, sempre dirigida ou iniciada por um Artista do PIÁ, esse acordo dever ser combinado anteriormente e todos devem orientar no mínimo uma vez e isso deve ser rodiziado. Ainda, o grupo poderá ser dividido se assim for pertinente e cada grupo seguir com um Artista propondo a efetiva Ação. Cada artista fica responsável por dimensionar o formato de uso de horas, para prática, escrita, leitura e  se quiser troca entre as pessoas após a experiência, isso dentro do horário de 2h.

Vejo que muito das experimentações do PIÁ vem do encontro dos piazitos e dupla de Artistas Educadores. Então acho de suma importância praticar a improvisação! E como praticar a improvisação?  Uma das formas é seguir a proposta do outro. Tendo um começo, porém ser saber o meio e o fim. A proposta do outro pode afinar nossas percepções, nos instigar, ampliar e dar vazão a nossa imaginação, nos fazer refletir e ainda nos modificar. Acho importante praticar a abertura, a escuta, surpreender e se permitir ser surpreendido, enveredando pelo desconhecido do outro. Assim podemos aprender a confiar no desconhecido, com os sucessos e insucessos! Mas confiantes que temos espaço de novas tentativas e proposições.

É  muito bela a transformação oriunda da prática. Ela aproxima os corpos, as almas e acabamos por ter descobertas e mais afinidades, é ótimo conhecer o artista pelo fazer artístico. Conhecer o outro em sua arte e cultura, essa troca permite o respeito e diminui fronteiras acredito eu.  Ora e quem gosta de  ler, debater ou nada disso? Bom na sua proposta de ação/arte poderá propor isso para todos.

Acho que o PIÁ tem maturidade o suficiente para experimentar essa proposta de inovação artística rearranjando os horários de reuniões. Acredito ainda que todos tem a ganhar, os artistas, o Programa, os Piazitos e  a comunidade. Além da alegria de trabalhar que nos move, poderemos aprender, crescer e por em risco nossos saberes e inquietações, além de melhorar nossa escuta e pedagogia.

Ensaio Pesquisa Ação - 2014
Sobre Arte, Reuniões e Ação Cultural
  
Renata Casemiro é Mãe, Dançarina e Improvisadora. Pesquisa Jogos, Artes Orientais, Fotografia e Vídeo Dança.  É Pós-Graduada em Dança, Faixa Preta de Aikido pela Aikikai de Tokio,  formada em Pilates e Yogalates. Dirigiu e criou espetáculos e videosdança, tendo vídeos selecionados para o Dança em Foco e MIS – Museu da Imagem e do Som. Desde 2003 trabalha em projetos da Emia, Dança Vocacional e PIÁ, como Artista Orientadora  e Educadora e Coordenadora Artístico Pedagógica pelas Secretarias Municipais de Cultura de Santo André e São Paulo. Foi Artista Educadora do PIÁ em 2013 e Coordenadora Artístico Pedagógica de Equipe e Artista Educadora em 2014 no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes (CFCCT)



Sites:
https://feiragratidaopiah.wordpress.com



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Livros de cabeceira em 2014:
Criatividade e processos de Criação
Fayga Ostrower

O que é Ação Cultural?
Teixeira Coelho

Videos:
Oficina de Stop Motion I e II













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