Renata Casemiro
O PIÁ (Programa de Iniciação Artística) é um programa artístico pedagógico único, com
características peculiares, em constante mutação, aprofundamento, pesquisas e
multiplicidade. Não tratarei de contextualizar ou
discorrer sobre o programa. Você que me lê, se já não o conhece, pode ler em vários outros ensaios, nos textos da revista Piapuru, além de
imagens e vídeos tanto no Facebook quanto em Youtube mais sobre o PIÁ.
Minha intenção é ser breve e sugerir com
base na minha inquietação e experimentações artísticas e socioculturais no
devido programa e em outros projetos artísticos pedagógicos a possibilidade
de escolhas para cada equipe o formato de reunião artístico
pedagógica e sugerir a completa mudança de formato de reunião de coordenadores,
que acontecia frequentemente de modo formal com os coordenadores sentados em
cadeiras em volta de uma mesa.
Antes, porém, escrevo sobre minha
poética artístico pedagógica: sou improvisadora, sendo assim observo, imagino,
tento fluir, fazer fluir ou provocar. Acredito que as pessoas (bichos, plantas,
etc.) tem um vasto conhecimento, sabedoria e o poder de conexão para
construir, criar, recriar. Acredito nisso, então acho que minha função é
favorecer o meio, o espaço para que isso se dê.
Como improvisadora, sou oportunista. Me
aproprio do que me convém. Mudo sem apego ou posso seguir com um ideia ou
intenção com maior ou menor intensidade, além de poder dilatar o tempo. Não
preparo aulas de modo formal, porém me preparo no dia-a-dia, observando, lendo,
imaginando e articulando para a experiência (com a seleção de materiais e
experiências a serem propostas) e praticando. Nunca dei uma aula igual de arte,
pois só consigo partir do encontro com o outro (pessoa/espaço) e daí seguir com
minha percepção e intuição.
Penso que em aula/processos artísticos,
você tem o inicio, mas não sabe o meio e muito menos o fim. Isso me diverte, me
agrada muito: o inimaginável. Essa curiosidade. Então acho que a mesma aula é burra!
Não dá pra ser a mesma, se você tem escuta, você já está diferente a sua turma
é ou está diferente e o espaço-tempo já foi modificado.
Ainda, como ser humano devemos ter
surpresas todos os dias, nos surpreender, pelo menos uma vez ao dia, isso é estar
vivo. E o professor tem que ter no mínimo três surpresas, pois tem que ter esse
espaço na sua aula, ser surpreendido pelo outro.
Como coordenadora nesse ano no Piá, eu
tento aplicar o que me agradou e acho que funcionou nos anos em que fui
coordenada em varias projetos e por em pratica o que acredito. Então eu
realmente acredito que uma das funções do Artista Educador Coordenador seja
"garantir o espaço investigativo sobre os processos criativos de sua
equipe".
E como fazer isso? Liberdade para Ação Cultural,
Proposições e Experimentações Artísticas. Essa liberdade confere os processos
criativos sempre vivos.
Cada equipe atuante em um equipamento conta com três
artistas educadores e um coordenador também artista educador. Cada quatro
equipes conta com um coordenador regional. E todos os coordenadores contam com
dois coordenadores de Formação.
A principio temos semanalmente 3 horas para reuniões
de equipe e 3 horas para reuniões de coordenação.
Sugiro que para potencialização do fazer artístico interlinguagens,
para afinar as parcerias, para alimentar a arte, a escuta, a sensibilidade, a
parceria e nos enriquecermos enquanto pessoas e artistas, façamos Ação Cultural
ao invés de reuniões formais.
Para reuniões de equipe sugiro que a dinâmica da Ação
Cultural no espaço-tempo de Reunião seja encabeçada cada vez por um
artista, ficando ele responsável pela proposta e necessidades da mesma., bem
como definir o público, pois pode ao seu propósito, experimento e
objetivo abrir para outros públicos. Dimensionando as horas, sugiro 1 hora semanal para informes do DEC, do Programa e do Equipamento e para Ação Cultural 2 horas.
Ainda, se for pertinente e de comum acordo com a equipe a Ação Cultural pode ir
para além do horário de reuniões, pode ser acumulada em uma Ação Cultural de
maior porte, exemplifico no caso as ações feitas pela equipe do PIÁ do CFCCT
feitas em 2014: Brunilda, Feira Grátis de Gratidão, Sarau, Exposição de
Experimentações Mirabolantes do PIÁ, Encontro com Pais e Piazitos e Oficinas de
Stop Motion I e II. Além de participarmos da Semana da EMIA e Fórum Tempos e
Espaços no CCSP.
Para reuniões de coordenadores sugiro o mesmo esquema
de 1 hora para informes do DEC, do Programa ou cases. E 2 horas
para Ação Cultural ou Práticas Artísticas, sempre dirigida ou iniciada por um
Artista do PIÁ, esse acordo dever ser combinado anteriormente e todos devem
orientar no mínimo uma vez e isso deve ser rodiziado. Ainda, o grupo poderá ser
dividido se assim for pertinente e cada grupo seguir com um Artista propondo a
efetiva Ação. Cada artista fica responsável por dimensionar o formato de uso de
horas, para prática, escrita, leitura e se quiser troca entre as pessoas
após a experiência, isso dentro do horário de 2h.
Vejo que muito das experimentações do PIÁ vem do
encontro dos piazitos e dupla de Artistas Educadores. Então acho de suma
importância praticar a improvisação! E como praticar a
improvisação? Uma das formas é seguir a proposta do outro. Tendo um
começo, porém ser saber o meio e o fim. A proposta do outro pode afinar nossas
percepções, nos instigar, ampliar e dar vazão a nossa imaginação, nos fazer
refletir e ainda nos modificar. Acho importante praticar a abertura, a escuta,
surpreender e se permitir ser surpreendido, enveredando pelo desconhecido do
outro. Assim podemos aprender a confiar no desconhecido, com os sucessos e
insucessos! Mas confiantes que temos espaço de novas tentativas e proposições.
É muito bela a transformação oriunda da prática. Ela aproxima os corpos, as almas e acabamos por
ter descobertas e mais afinidades, é ótimo conhecer o artista pelo fazer
artístico. Conhecer o outro em sua arte e cultura, essa troca permite o
respeito e diminui fronteiras acredito eu. Ora e quem gosta de ler,
debater ou nada disso? Bom na sua proposta de ação/arte poderá propor isso para
todos.
Acho que o PIÁ tem maturidade o suficiente para
experimentar essa proposta de inovação artística rearranjando os horários de
reuniões. Acredito ainda que todos tem a ganhar, os artistas, o Programa, os Piazitos e a
comunidade. Além da alegria de trabalhar que nos move, poderemos aprender,
crescer e por em risco nossos saberes e inquietações, além de melhorar nossa
escuta e pedagogia.
Ensaio Pesquisa Ação - 2014
Sobre Arte, Reuniões e Ação Cultural
Renata
Casemiro é Mãe, Dançarina e Improvisadora.
Pesquisa Jogos, Artes Orientais, Fotografia e Vídeo Dança. É Pós-Graduada em Dança, Faixa Preta de
Aikido pela Aikikai de Tokio, formada em
Pilates e Yogalates. Dirigiu e criou espetáculos e videosdança, tendo vídeos
selecionados para o Dança em Foco e MIS – Museu da Imagem e do Som. Desde
2003 trabalha em projetos da Emia, Dança Vocacional e PIÁ, como Artista
Orientadora e Educadora e Coordenadora Artístico Pedagógica pelas
Secretarias Municipais de Cultura de Santo André e São Paulo. Foi Artista Educadora do PIÁ em 2013 e Coordenadora Artístico Pedagógica de Equipe e Artista Educadora em 2014 no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes (CFCCT)
Sites:
https://feiragratidaopiah.wordpress.com
Facebook:
Livros de cabeceira em 2014:
Criatividade e processos de Criação
Fayga Ostrower
O que é Ação Cultural?
Teixeira Coelho
Videos:
Oficina de Stop Motion I e II
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