domingo, 27 de dezembro de 2015

MEU MUNDO É VERMELHO - guiherme de almeida - c c penha






Ensaio Relato- Pesquisa Ação
Artista Educador Guilherme de Almeida


[...] ambientes assim contribuem para a criação de um espaço muito rico de
aprendizagem individual e coletiva no qual o indivíduo, através de suas
ideias, reflexões e saberes, contribui com o desenvolvimento do trabalho lúdico, afetivo, cognitivo e coletivo.
Por outro lado, o fato do indivíduo participar de um processo e construção coletiva que produziu e acumulou saberes, possibilitou também um espaço
de aprendizagem para os artistas educadores e para as crianças.
A implantação do PIÁ no Centro Cultural da Penha no ano  de 2013  e a continuidade  nos anos de 2014 e 2015 nos trouxe um grande desafio. O momento requer uma nova forma de pensar e agir para lidar com rapidez e a abrangência de informações e com o dinamismo do conhecimento. Evidencia-se uma nova organização de tempo e espaço
e uma grande diversidade de situações que exigem um posicionamento
crítico e reflexivo do indivíduo para fazer suas escolhas e definir suas
prioridades. Além disso, há o elemento inusitado com o qual
deparamos nas várias situações do cotidiano, demandando o
desenvolvimento de estratégias criativas e de novas aprendizagens.
Trabalhamos  em dois Artistas Educadores nas linguagens de Dança e música nesta edição e atravessamos pelas linguagens de Artes Visuais e  Teatro.
Desde o inicio contamos muito com toda a direção, produção, gestão, funcionários do Centro Cultural da Penha e mais todos os pais e responsáveis das crianças participantes. Trazemos também uma discussão sobre concepções de infância, salientando o quanto que não precisamos abandonar a nossa capacidade de imaginar ao ingressar no mundo das letras e números. A apresentação de eixos para pensar o ensino das artes nos anos iniciais finaliza o capítulo: produção artística, apreciação estética, contextualização e compreensão das artes como construção cultural e social.
Creio que compreender o corpo na dança e o corpo que dança de forma politizada (compromissada), lúdica, simples e conectada é um dos maiores desafios para nós, artistas e agentes culturais. Retomar no ato educador a função política como argamassa das relações pedagógicas e artísticas, é prioritariamente uma questão ética, uma questão de convivência cidadã entre as pessoas, de construção de cidadania para um mundo mais digno de ser vivido.
O programa busca potencializar a todos os seus envolvidos, uma linguagem que possibilite a relação de troca e diálogo constante com a realidade. Não propõe somente um estilo, mas sim abrir para a experiência do novo. Busca imprimir o estilo próprio de cada individuo pautado na diferença e singularidade, um olhar sem fronteiras entre e através das linguagens artísticas, contemporaneidade, arte e saberes.
Trata-se aqui de propor uma mudança de lógica na percepção da arte contemporânea, que se faz e refaz no diálogo com as diversas realidades.
Isto implica em deixar de operar na lógica da representação, dos modelos ideias, da repetição e da reprodução, para operar na lógica da diferença e da singularidade.
A filosofia do PIÁ e a concepção deste trabalho norteiam os processos de pesquisas e práticas que pode ser encarada como a experimentação á partir da relação entre todos os sistemas significantes que formam o “espetáculo cênico”.
Tal processo que pode ser encarada como uma reunião incoerente dos materiais, mas seria definida, pelo contrário como um objeto de conhecimento, como o sistema de relações que tanto a produção (as crianças, artistas, pais, envolvidos e comunidade) quanto a recepção (os espectadores) estabelecerão entre os matérias cênicos a partir daí constituídos por sistemas significantes.
Cada envolvido neste projeto, a partir de sua experiência, sua memória individual e memória social adentra numa ação de desvelar contínua. Esse desvelar contínuo seria penetrar outra memória, quando deveríamos ter conhecido o “espaço” de uma maneira primordial.
(...) espaço este que vimos a esquecer, inebriados que ficamos com o raciocínio causal e com uma determinada forma de tempo o mesmo tempo linear que viria a enriquecer o pensamento clássico, mas bloquear o estudo antigo sobre a complexidade. E a dança exprimiria muito bem essa forma de memória, uma espécie de isomorfismo entre espaço, representação e estar no tempo.
Pensar a arte nesse espaço (PIÁ) como presentificação, que não seja finalidade nem mediação (entretenimento, lazer, ocupação do tempo ocioso), mas encontro, experiência, na qual elementos não são estáticos e imutáveis, mas entendidos como agenciamentos, um território poroso produzindo significados e ressignificados.
E nessa articulação, nesse agenciamento, neste processo que se distingue a simples dança agitação /alimentação de uma dança/ emancipação que nos faz mover no mundo a partir de uma dimensão ética, estética e política.
Sendo assim o PIÁ e a criança contemporânea terá um espaço para a experimentação estética, pesquisa artística e pedagógica que propicia um diálogo e interações entre estilos, fundamentos e outras linguagens de arte que compõem o processo de formação da criança no território do BRINCAR. Pensar no atravessamento das quatro linguagens artísticas artes visuais, música, dança e teatro – concomitantemente e que possa fazer parte da mesma proposta de experiência ,iniciação e  formação.
Com um conceito e proposta de um espaço onde os envolvidos poderão vivenciar e ampliar as formas de expressões que não estejam delimitadas necessariamente em uma linguagem artística num mundo tão contemporâneo construindo um corpo pensante e tornando sensível o que já é vital, o corpo, a vida...



                                                                   Guilherme de Almeida
                                                                   São Paulo, Dezembro de 2015
                                          





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  MEU MUNDO É VERMELHO

  

"TIO GUILHERME MEU MUNDO É VERMELHO!!!  E EU AMO MUITO JÁ VOCÊ..." GIOVANA TEM   09 ANOS E É PORTADORA DE SÍNDROME DE DOWN.
PARTICIPA DO PIÁ - PROGRAMA DE INICIAÇÃO ARTÍSTICA NO CENTRO CULTURAL DA PENHA TURMA DE 08 A 10 ANOS. SORRISO ESTAMPADO NO ROSTO PARA TODOS OS DIAS.


                                                                            



 CARINHOSA, AFETUOSA, MEIGA, PROPOSITORA E AMA DESENHAR...
ELA ME DISSE:  "TIO GUILHERME SOMOS ESPECIAIS, EU JÁ TE AMO MUITO E O MEU MUNDO É VERMELHO..." SIMPLES ASSIM,TÃO PURA, GENUÍNA, TÃO INTENSA E QUÃO VERDADEIRA. GIOVANA CHEGOU E ME ATRAVESSOU...
MUDOU, MODIFICOU, TRANSFORMOU, REINVENTOU E RASGOU TODAS AS ESTÉTICAS. ME FEZ SENTIR E ENXERGAR UM OUTRO LUGAR, O SEU MUNDO E O MEU AGORA VERMELHO.RAL DA PENHA TURMA DE 08 A 10 ANOS. SORRISO ESTAMPADO NO ROSTO PARA TODOS OS DIAS. CARINHOSA, AFETUOSA, MEIGA E AMA DESENHAR... HOJE ELA ME DISSE QUE SOMOS ESPECIAIS♡♡♡ E EU RESPONDI SIM GÍ SOMOS ESPECIAIS. SIMPLES ASSIM, TÃO PURO, TÃO GENUINO, TÃO INTENSO E QUÃO VERDADEIRO.




                                                                                           

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