Ensaio Relato- Pesquisa Ação
Artista Educador Guilherme
de Almeida
[...] ambientes assim contribuem para a criação
de um espaço muito rico de
aprendizagem individual e coletiva no qual o
indivíduo, através de suas
ideias, reflexões e saberes, contribui com o
desenvolvimento do trabalho lúdico, afetivo, cognitivo e coletivo.
Por outro
lado, o fato do indivíduo participar de um processo e construção coletiva que
produziu e acumulou saberes, possibilitou também um espaço
de aprendizagem para os artistas educadores e
para as crianças.
A implantação do PIÁ no Centro Cultural da Penha
no ano de 2013 e a continuidade nos anos de 2014 e 2015 nos trouxe um grande
desafio. O momento requer uma nova forma de pensar e agir para lidar com
rapidez e a abrangência de informações e com o dinamismo do conhecimento. Evidencia-se uma nova organização
de tempo e espaço
e uma grande diversidade de situações que exigem
um posicionamento
crítico e reflexivo do indivíduo para fazer suas
escolhas e definir suas
prioridades. Além disso, há o elemento inusitado
com o qual
deparamos nas várias situações do cotidiano,
demandando o
desenvolvimento de estratégias criativas e de
novas aprendizagens.
Trabalhamos
em dois Artistas Educadores nas linguagens de Dança e música nesta
edição e atravessamos pelas linguagens de Artes Visuais e Teatro.
Desde o inicio contamos muito com toda a
direção, produção, gestão, funcionários do Centro Cultural da Penha e mais todos os pais e responsáveis das crianças participantes. Trazemos também uma
discussão sobre concepções de infância, salientando o quanto que não precisamos
abandonar a nossa capacidade de imaginar ao ingressar no mundo das letras e
números. A apresentação de eixos para pensar o ensino das artes nos anos
iniciais finaliza o capítulo: produção artística, apreciação estética,
contextualização e compreensão das artes como construção cultural e social.
Creio que compreender o corpo na dança e o corpo
que dança de forma politizada (compromissada), lúdica, simples e conectada é um
dos maiores desafios para nós, artistas e agentes culturais. Retomar no ato
educador a função política como argamassa das relações pedagógicas e
artísticas, é prioritariamente uma questão ética, uma questão de convivência
cidadã entre as pessoas, de construção de cidadania para um mundo mais digno de
ser vivido.
O programa busca potencializar a todos os seus
envolvidos, uma linguagem que possibilite a relação de troca e diálogo
constante com a realidade. Não propõe somente um estilo, mas sim abrir para a
experiência do novo. Busca imprimir o estilo próprio de cada individuo pautado
na diferença e singularidade, um olhar sem fronteiras entre e através das
linguagens artísticas, contemporaneidade, arte e saberes.
Trata-se aqui de propor uma mudança de lógica na
percepção da arte contemporânea, que se faz e refaz no diálogo com as diversas
realidades.
Isto implica em deixar de operar na lógica da
representação, dos modelos ideias, da repetição e da reprodução, para operar na
lógica da diferença e da singularidade.
A filosofia do PIÁ e a concepção deste trabalho
norteiam os processos de pesquisas e práticas que pode ser encarada como a
experimentação á partir da relação entre todos os sistemas significantes que formam
o “espetáculo cênico”.
Tal processo que pode ser encarada como uma
reunião incoerente dos materiais, mas seria definida, pelo contrário como um
objeto de conhecimento, como o sistema de relações que tanto a produção (as
crianças, artistas, pais, envolvidos e comunidade) quanto a recepção (os
espectadores) estabelecerão entre os matérias cênicos a partir daí constituídos
por sistemas significantes.
Cada envolvido neste projeto, a partir de sua
experiência, sua memória individual e memória social adentra numa ação de
desvelar contínua. Esse desvelar contínuo seria penetrar outra memória, quando
deveríamos ter conhecido o “espaço” de uma maneira primordial.
(...) espaço este que vimos a esquecer,
inebriados que ficamos com o raciocínio causal e com uma determinada forma de
tempo o mesmo tempo linear que viria a enriquecer o pensamento clássico, mas
bloquear o estudo antigo sobre a complexidade. E a dança exprimiria muito bem
essa forma de memória, uma espécie de isomorfismo entre espaço, representação e
estar no tempo.
Pensar a arte nesse espaço (PIÁ) como
presentificação, que não seja finalidade nem mediação (entretenimento, lazer,
ocupação do tempo ocioso), mas encontro, experiência, na qual elementos não são
estáticos e imutáveis, mas entendidos como agenciamentos, um território poroso
produzindo significados e ressignificados.
E nessa articulação, nesse agenciamento, neste
processo que se distingue a simples dança agitação /alimentação de uma dança/
emancipação que nos faz mover no mundo a partir de uma dimensão ética, estética
e política.
Sendo assim o PIÁ e a criança contemporânea terá
um espaço para a experimentação estética, pesquisa artística e pedagógica que
propicia um diálogo e interações entre estilos, fundamentos e outras linguagens
de arte que compõem o processo de formação da criança no território do BRINCAR.
Pensar no atravessamento das quatro linguagens artísticas artes visuais,
música, dança e teatro – concomitantemente e que possa fazer parte da mesma
proposta de experiência ,iniciação e formação.
Com um conceito e proposta de um espaço onde os
envolvidos poderão vivenciar e ampliar as formas de expressões que não estejam
delimitadas necessariamente em uma linguagem artística num mundo tão
contemporâneo construindo um corpo pensante e tornando sensível o que já é
vital, o corpo, a vida...
São Paulo, Dezembro de 2015
MEU MUNDO É VERMELHO
PARTICIPA DO PIÁ - PROGRAMA DE INICIAÇÃO ARTÍSTICA NO CENTRO CULTURAL DA PENHA TURMA DE 08 A 10 ANOS. SORRISO ESTAMPADO NO ROSTO PARA TODOS OS DIAS.
CARINHOSA, AFETUOSA, MEIGA, PROPOSITORA E AMA
DESENHAR...
ELA ME DISSE: "TIO GUILHERME SOMOS ESPECIAIS, EU JÁ TE AMO MUITO E O MEU MUNDO É
VERMELHO..." SIMPLES ASSIM,TÃO PURA, GENUÍNA, TÃO INTENSA E QUÃO VERDADEIRA.
GIOVANA CHEGOU E ME ATRAVESSOU...
MUDOU, MODIFICOU, TRANSFORMOU, REINVENTOU E
RASGOU TODAS AS ESTÉTICAS. ME FEZ SENTIR E ENXERGAR UM OUTRO LUGAR, O SEU MUNDO
E O MEU AGORA VERMELHO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário