sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Tempo Espaço no Terreiro Terreno Reino PiÁ - Leo Cunha

No princípio, tudo é escuridão ou uma folha em branco a espera de um....

BUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm.............................................................................................

P i Á


No Tempo                                                                                                                                   Espaço

O corpo deslocado no espaço-tempo.

O estrondo vai sumindo e aparecem novos sons, novas vozes vindas de um eco não muito distante.
O escuro permanece como cor de fundo e por cima uma explosão de cores que conduzem ao imprevisível. Criam-se rastros. Linhas de diferentes cores começam e se cruzar.
Há uma tentativa de criar uma teia.
E...

BUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMmmmmmmmmmmmm......................

Segunda explosão. Começa a Formação.

Ambiente líquido. Corpos puros que flutuam em ambiente preparado.
O homem volta-se para o seu umbigo. Curva-se sobre ele. Percebe seu corpo. Torna-se criança novamente.
Busca a pureza da criação de um novo ser, de um novo homem, de um novo mundo.

Há também aqueles que não regridem na memória coletiva. Neles não há Formação. Eles gritam Não. Neles há a necessidade de uma nova criança. Uma transfiguração dessa criança para além da afeição e cooperação.

Não há Formas.

BUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMmmmmmmmmmmmm......................

O corpo é deslocado e perde seu significado. Um corpo disforme. Corpo estranho. Um corpo sem corpo. Sem vida. Sem fala. Sem tempo.
O corpo aqui parado diante do branco nada diz. Ou diz muito pouco no movimento do tempo e espaço.

KABUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMmmmmmmmmmmm...............................
BUUUUUUUUUMMMMMMMMMmmmmmmmm...................................................................
BUUUUUuuuummmmmmmm.................................................................................................
Bum.........................................................................................................................................

E assim vai. Explosões em série seguidas intuitivamente pelo artista educador. Explosões que surgem de uma necessidade vital de tentar se comunicar. Surge de uma motivação e vontade para iniciar uma obra, de um tema, tentando transmitir a melhor forma de expressá-lo. 
Confesso que é difícil expressar por meio da palavra aquilo que o corpo já sabe por intuição. As explosões são intuitivas, que saem da ideia de uma realidade tentando alcançar uma forma, que neste momento tento traduzir em forma de texto.


TEMPO E ESPAÇO NO TERREIRO TERRENO REINO

Eu olhava. A criança segurando a linha girou que girou o Baragandão. Girou no espaço, em torno do seu corpo. Fazia força e careta para girá-lo. E Soltou. No ar fez um arco-íris com sua calda colorida. “Professor”, meu baragandão ficou preso lá em cima, disse ele.
Já se vão alguns anos que essa criança lançou o brinquedo no ceu. Sempre passo por ele e lembro desse momento. Ele continua lá pendurado. Arco-Íris que não some.

As razões que direcionam nosso interesse para este tema se relacionam a uma tomada de posição crítica ao nosso tempo e ao nosso cotidiano, sobretudo, nos espaços públicos em que nossa ação poética tangencia algumas vezes interesses divergentes, problemas e limitações estruturais.” REVISTA PIAPURU 2013, pag 30

E agora, quem é que vai tirar aquele negócio lá de cima?” Disse o NaC, rachando o tempo e espaço com a realidade que lhe cabe, se referindo ao arco-íris.

Essa imagem presente da criança e das limitações estruturais diz muito do que somos PiÁ no “CeU” de estrelas. Corpos que vivem em determinado território, tentando criar articulações na medida em vão acontecendo as coisas entre a cultura infantil, com seu universo próprio, poético e com as narrativas vindas do entorno de um equipamento e de dentro dele mesmo, entende-se, via coordenação de nac.

Pergunto, como criar articulações convergentes dentro desse corpo-território com a narrativa de uma Secretaria de Cultura e Nacs?

Nestes seis anos em que participei do PiÁ e neste último como coordenador de equipe, a maior dúvida e lacuna que percebo é de como legitimar o PiÁ nos equipamentos em que ele atua, Ceus, Casas de Cultura, Bibliotecas, Escolas, de forma que estes entendam a transitoriedade do Programa, a sua constante reformulação a cada ano que passa e como os AEs que acabam de chegar entendam os limites em que cada projeto atua e mesmo dessa forma como se apoderam do Programa, tendo autonomia para atuar como artista ou educador 
Como ter um discurso mais autônomo dentro de uma multiplicidade de formas de trabalhar, de pensar, de situações adversas?
Como trazer e desenvolver o espaço e tempo com a criança? Em que ambiente iremos atuar sabendo sempre que cada ano estamos com a sensação de recomeço?

Certa vez olhava a criança entrar na cabine-caixa de papelão. De lá sai com um vestido bem maior que ela, branco. Ela gira, gira, gira, o vestido abre ocupando o espaço. Dá risadas e entorpecida pelo transe-brincadeira cai exausta. Professor, disse ela deitada. O mundo não pára de girar. 

























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