segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Brincateatro, Brincaçãoato

Ensaio
AE – Solange Moreno                               
Linguagem Teatro
Biblioteca Marcos Rey – Zona Sul




Brincateatro, Brincaçãoato 


      



“...Podemos considerar a brincadeira como sendo a primeira forma dramática caracterizada pela valiosíssima peculiaridade que une o ator, o espectador, o autor da peça, o cenarista e o técnico em uma mesma pessoa. Nele, a criatividade da criança assume um caráter de síntese: os domínios intelectual, emocional e volitivo são estimulados diretamente pela força natural da própria vida, sem estímulo externo, sem nenhuma tensão excessiva do seu psiquismo. ”  (Petrova, A.N.- Pedagoga Russa)






Em 2014 integrei a equipe de Arte-Educadores, na Biblioteca Marcos Rey, no Programa de Iniciação Artística – PIÁ, da Secretária Municipal de Cultura .


Minha vivencia artístico-pedagógica teve início no final de maio. As turmas  formadas, e as relações já estabelecidas, com o desenvolvimento de propostas e provocações norteadas pelas minhas companheiras de equipe. Diga-se de passagem, uma equipe aberta a escuta e ao diálogo, o que considero fundamental para chegarmos à “alma do PIÁ”, ou pelo menos nos aproximarmos dela.
A proposta aqui é relatar e compartilhar as experiências vividas com o teatro, nas turmas de 08 a 10 anos. Estes encontros se davam ás terças-feiras período manhã, e ás quartas-feiras período tarde.

Uma das propostas foi a partir da distribuição de cartas de um “Baralho de Contar Estórias”, as crianças começam coletivamente a construir uma estória, tendo como sequência de fatos as imagens de cada carta. Após concluírem a estória, e decidirem coletivamente se queriam alterar o final, ou mudança de algum acontecimento, (isto é mudar alguma carta de lugar), propomos para colocarem a estória na ação ou seja encená-la, fazer teatro.
Antes que terminássemos, sobre a continuidade da brincadeira ouvimos:
“A gente pode fazer a coroa do rei?”
“E construir a carruagem?”
“Eu quero ser o unicórnio!”

“.... Outra causa da proximidade da criança com a dramatização é a ligação entre esta e a brincadeira. Ela é a raiz de toda a criatividade infantil e por isso é a mais sincrética, isto é, contém em si várias modalidades de expressão artística. E é por isso, sem dúvida, que a representação teatral infantil tem um enorme valor, pois é fonte de inspiração e de material para os diferentes aspectos da criatividade infantil. ‘’   (L. S. VIGOTSKI)



As crianças ficavam totalmente contagiadas, envolvidas com confecções de coras, tesouros, feitura de adereços em geral, improvisação de figurinos, a arrumação do espaço, cadeiras e tatames tomavam outros significados. Passavam a maior parte do tempo criando, vivendo cada momento da estória através da confecção de seu adereço.


“... A preparação do vestuário, das decorações e outros estimula a imaginação e a criatividade técnica das crianças. As crianças desenham, modelam, cortam, e essas ocupações assumem um significado e um objetivo, como que fazendo parte de um todo pelo qual as crianças têm interesse. Por fim, a própria brincadeira, ao envolver a apresentação da peça pelos atores, conclui todo esse trabalho, dando-lhe uma expressão final, completa e definitiva.” (L.S.VIGOTSKI)





Por vezes o nosso encontro de três horas, pareciam-lhes pouco tempo, não queriam ir embora. E na semana seguinte, logo no início do encontro, ouvíamos;
“Vamos fazer outra estória ? ...”

“... Peças escritas pelas próprias crianças, ou criadas e improvisadas por elas, estão mais próximas do entendimento das próprias crianças. Tais peças serão sem dúvida menos perfeitas e menos literárias do que as peças preparadas e escritas pelos adultos. O mais importante não é o que as crianças escreveram, mas o fato de que elas mesmas foram autoras, criadoras, exercitando sua imaginação criativa e sua materialização. Não se deve esquecer que a lei básica da criatividade infantil consiste em que o seu valor não reside no resultado, no produto da criação, mas no próprio processo. ( L.S.VIGOTSKI)

E assim, construímos várias estórias, a nossa estória, a cada dia , a cada encontro, com teatro, construção de brinquedos, manipulação de bonecos, pulando corda, jogando bola, conversando,  dançando, pintando, gritando, correndo, subindo e descendo escadas, rindo !!!
Esta é uma parte da estória do PIÁ,  da Biblioteca Marcos Rey em 2014.








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