Ensaio
AE – Solange Moreno
Linguagem Teatro
Biblioteca Marcos Rey –
Zona Sul
Brincateatro, Brincaçãoato
Em 2014 integrei a equipe de Arte-Educadores, na Biblioteca
Marcos Rey, no Programa de Iniciação Artística – PIÁ, da Secretária Municipal
de Cultura .
Minha vivencia artístico-pedagógica teve início no final de maio. As turmas formadas, e as relações já estabelecidas, com o desenvolvimento de propostas e provocações norteadas pelas minhas companheiras de equipe. Diga-se de passagem, uma equipe aberta a escuta e ao diálogo, o que considero fundamental para chegarmos à “alma do PIÁ”, ou pelo menos nos aproximarmos dela.
A proposta aqui é relatar e compartilhar as experiências
vividas com o teatro, nas turmas de 08 a 10 anos. Estes encontros se davam ás
terças-feiras período manhã, e ás quartas-feiras período tarde.
Uma das propostas foi a partir da distribuição de cartas de
um “Baralho de Contar Estórias”, as crianças começam coletivamente a construir uma
estória, tendo como sequência de fatos as imagens de cada carta. Após concluírem
a estória, e decidirem coletivamente se queriam alterar o final, ou mudança de
algum acontecimento, (isto é mudar alguma carta de lugar), propomos para
colocarem a estória na ação ou seja encená-la, fazer teatro.
Antes que terminássemos, sobre a continuidade da brincadeira
ouvimos:
“A gente pode fazer a coroa do rei?”
“E construir a carruagem?”
“Eu quero ser o unicórnio!”
“.... Outra causa da
proximidade da criança com a dramatização é a ligação entre esta e a
brincadeira. Ela é a raiz de toda a criatividade infantil e por isso é a mais
sincrética, isto é, contém em si várias modalidades de expressão artística. E é
por isso, sem dúvida, que a representação teatral infantil tem um enorme valor,
pois é fonte de inspiração e de material para os diferentes aspectos da
criatividade infantil. ‘’ (L. S.
VIGOTSKI)
As crianças ficavam totalmente contagiadas, envolvidas com confecções
de coras, tesouros, feitura de adereços em geral, improvisação de figurinos, a
arrumação do espaço, cadeiras e tatames tomavam outros significados. Passavam a
maior parte do tempo criando, vivendo cada momento da estória através da
confecção de seu adereço.
“... A preparação do vestuário, das decorações e outros
estimula a imaginação e a criatividade técnica das crianças. As crianças
desenham, modelam, cortam, e essas ocupações assumem um significado e um
objetivo, como que fazendo parte de um todo pelo qual as crianças têm
interesse. Por fim, a própria brincadeira, ao envolver a apresentação da peça
pelos atores, conclui todo esse trabalho, dando-lhe uma expressão final,
completa e definitiva.” (L.S.VIGOTSKI)
Por vezes o nosso
encontro de três horas, pareciam-lhes pouco tempo, não queriam ir embora. E na
semana seguinte, logo no início do encontro, ouvíamos;
“Vamos fazer outra
estória ? ...”
“... Peças escritas pelas próprias crianças, ou criadas e
improvisadas por elas, estão mais próximas do entendimento das próprias
crianças. Tais peças serão sem dúvida menos perfeitas e menos literárias do que
as peças preparadas e escritas pelos adultos. O mais importante não é o que as
crianças escreveram, mas o fato de que elas mesmas foram autoras, criadoras,
exercitando sua imaginação criativa e sua materialização. Não se deve esquecer
que a lei básica da criatividade infantil consiste em que o seu valor não
reside no resultado, no produto da criação, mas no próprio processo. (
L.S.VIGOTSKI)
E assim, construímos várias
estórias, a nossa estória, a cada dia , a cada encontro, com teatro, construção
de brinquedos, manipulação de bonecos, pulando corda, jogando bola,
conversando, dançando, pintando,
gritando, correndo, subindo e descendo escadas, rindo !!!
Esta é uma parte da
estória do PIÁ, da Biblioteca Marcos Rey
em 2014.
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